segunda-feira, 5 de maio de 2014

Empregabilidade para pessoas com deficiência


Em princípio, a inclusão de pessoas com deficiência no âmbito empresarial deve-se especialmente a três fundamentos: o primeiro deles é o cumprimento da Lei nº 8.213/91, na qual são estabelecidos percentuais de vagas internas a serem preenchidos por pessoas com deficiência, em empresas com mais de 100 empregados.
Não há dúvidas de que isso tem levado a um aumento da demanda por esses profissionais. Mas vale a pergunta: é preciso uma lei para levar uma empresa a contratar pessoas com deficiência? Isso nos remete ao segundo fundamento - a cidadania, ou seja, atender às expectativas da sociedade quanto ao movimento mundial em prol dos menos favorecidos. Cada vez mais cobra-se das empresas o cumprimento do seu papel social, neste caso o de oferecer a oportunidade de uma atividade que precisa ser realizada, para que o seja por uma pessoa com limitações. Para isso, ao contrário do que se imagina, não é necessário quebrar paredes, construir rampas e coisas do gênero. Ao pensar em pessoas com deficiência, deve-se lembrar de que existem tantas outras deficiências como visuais, auditivas, restritivas de membros superiores, além do cadeirante, que frequentemente é associado como o único portador de limitações.
Em terceiro e último lugar, a empresa que contrata pessoas com deficiência aplica a educação, conscientizando internamente os funcionários sobre a contribuição efetiva que este colaborador com limitações pode trazer para a organização como um todo. Sem dúvida nenhuma, é uma explosão de sentimentos de satisfação, orgulho, participação, cidadania e de realização pessoal.
Claramente percebe-se que são pessoas com potencialidades específicas e que podem contribuir sensivelmente para o crescimento da empresa, transformando mão-de-obra inativa em ativa, primando pela qualidade, respeito e integridade das relações interpessoais e da individualidade. É uma maneira de incentivar o caráter solidário das pessoas, retirando-as da zona de conforto e vivenciando novas situações. E por falar em novas situações, não basta as empresas darem oportunidades. É preciso que cada um faça a sua parte, incluindo os políticos e o governo, provendo melhores condições de acessibilidade das ruas, órgãos públicos, professores capacitados a atender pessoas com deficiência em sala de aula comum, transporte público adaptado e pessoal treinado no convívio com essa gente especial. É preciso dar o exemplo, ou seja, aumentar a oferta de vagas em cargos públicos podendo, assim, cobrar das empresas privadas que o façam também.
E a propósito Senhores Políticos, estamos em ano de eleição. Pessoa com deficiência virou moda e nicho de mercado. Não se esqueçam de que eles também são eleitores, bem como seus familiares e amigos. Portanto, não deixe de incluí-los nas suas ações de cidadania. Comecem promovendo a inclusão dessa população na sociedade. Não pensem que um Pronatec, que a maioria desconhece e que as unidades que oferecem treinamentos não estão adaptadas, será o suficiente para esta população.
A integração com pessoas com deficiência é um exercício de desenvolvimento humano, primando pelo direito constitucional de igualdade nas oportunidades e de constituição de uma vida normal. A limitação não torna as pessoas incapacitadas ou incompetentes, elas só necessitam de uma atenção especial e, não resta dúvida, retribuem na mesma intensidade.
Pela própria experiência de vida, por aprender a lidar com suas limitações sem desistir da realização pessoal, os profissionais que têm algum tipo de deficiência aparente carregam consigo uma qualidade que é vital para as empresas – são construtores do clima organizacional, exemplos de viver de bem com a vida, contaminando seus parceiros de trabalho.
Eles adicionam valor incondicional ao ambiente de trabalho através do exemplo, da garra e dedicação, mostrando o quanto ainda cada um pode realizar. Em verdade, o maior limitante de uma pessoa com deficiência é a falta de informação. A convivência com ele é um aprendizado para nunca desistir de fazer algo, de algum objetivo, mesmo que pareça impossível. Seu convívio nos leva a conhecer os próprios limites e ter humildade para admitir e reconhecê-los, mas, principalmente, aprender como superá-los. As pessoas tornam-se mais humanas e sinceras.
O convívio com essa gente tão especial nos faz aprender o real significado das palavras e expressões como: valorização, igualdade de oportunidades, sinceridade, exemplo, alegria, respeito pelo ser humano, querer é poder...
Sem dúvida nenhuma, o principal resultado na contratação de uma pessoa com deficiência é a irradiação e disseminação de sentimentos positivos e do sentido de grupo. Os colaboradores passam a ter maior orgulho, satisfação e maior comprometimento com a empresa, pela valorização do sentido do ser humano, seus princípios e valores. Pense nisso e pratique, convivendo e dando oportunidade!


Açucena Calixto Bonanato 

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