Em
princípio, a inclusão de pessoas com deficiência no âmbito empresarial deve-se
especialmente a três fundamentos: o primeiro deles é o cumprimento da Lei nº
8.213/91, na qual são estabelecidos percentuais de vagas internas a serem
preenchidos por pessoas com deficiência, em empresas com mais de 100
empregados.
Não há
dúvidas de que isso tem levado a um aumento da demanda por esses profissionais.
Mas vale a pergunta: é preciso uma lei para levar uma empresa a contratar pessoas
com deficiência? Isso nos remete ao segundo fundamento - a cidadania, ou seja,
atender às expectativas da sociedade quanto ao movimento mundial em prol dos
menos favorecidos. Cada vez mais cobra-se das empresas o cumprimento do seu
papel social, neste caso o de oferecer a oportunidade de uma atividade que
precisa ser realizada, para que o seja por uma pessoa com limitações. Para
isso, ao contrário do que se imagina, não é necessário quebrar paredes,
construir rampas e coisas do gênero. Ao pensar em pessoas com deficiência,
deve-se lembrar de que existem tantas outras deficiências como visuais,
auditivas, restritivas de membros superiores, além do cadeirante, que frequentemente
é associado como o único portador de limitações.
Em
terceiro e último lugar, a empresa que contrata pessoas com deficiência aplica
a educação, conscientizando internamente os funcionários sobre a contribuição
efetiva que este colaborador com limitações pode trazer para a organização como
um todo. Sem dúvida nenhuma, é uma explosão de sentimentos de satisfação,
orgulho, participação, cidadania e de realização pessoal.
Claramente
percebe-se que são pessoas com potencialidades específicas e que podem
contribuir sensivelmente para o crescimento da empresa, transformando mão-de-obra
inativa em ativa, primando pela qualidade, respeito e integridade das relações
interpessoais e da individualidade. É uma maneira de incentivar o caráter
solidário das pessoas, retirando-as da zona de conforto e vivenciando novas
situações. E por falar em novas situações, não basta as empresas darem
oportunidades. É preciso que cada um faça a sua parte, incluindo os políticos e
o governo, provendo melhores condições de acessibilidade das ruas, órgãos
públicos, professores capacitados a atender pessoas com deficiência em sala de
aula comum, transporte público adaptado e pessoal treinado no convívio com essa
gente especial. É preciso dar o exemplo, ou seja, aumentar a oferta de vagas em
cargos públicos podendo, assim, cobrar das empresas privadas que o façam
também.
E a
propósito Senhores Políticos, estamos em ano de eleição. Pessoa com deficiência
virou moda e nicho de mercado. Não se esqueçam de que eles também são
eleitores, bem como seus familiares e amigos. Portanto, não deixe de incluí-los
nas suas ações de cidadania. Comecem promovendo a inclusão dessa população na
sociedade. Não pensem que um Pronatec, que a maioria desconhece e que as
unidades que oferecem treinamentos não estão adaptadas, será o suficiente para
esta população.
A
integração com pessoas com deficiência é um exercício de desenvolvimento
humano, primando pelo direito constitucional de igualdade nas oportunidades e
de constituição de uma vida normal. A limitação não torna as pessoas
incapacitadas ou incompetentes, elas só necessitam de uma atenção especial e,
não resta dúvida, retribuem na mesma intensidade.
Pela
própria experiência de vida, por aprender a lidar com suas limitações sem
desistir da realização pessoal, os profissionais que têm algum tipo de
deficiência aparente carregam consigo uma qualidade que é vital para as
empresas – são construtores do clima organizacional, exemplos de viver de bem
com a vida, contaminando seus parceiros de trabalho.
Eles
adicionam valor incondicional ao ambiente de trabalho através do exemplo, da
garra e dedicação, mostrando o quanto ainda cada um pode realizar. Em verdade,
o maior limitante de uma pessoa com deficiência é a falta de informação. A
convivência com ele é um aprendizado para nunca desistir de fazer algo, de
algum objetivo, mesmo que pareça impossível. Seu convívio nos leva a conhecer
os próprios limites e ter humildade para admitir e reconhecê-los, mas,
principalmente, aprender como superá-los. As pessoas tornam-se mais humanas e
sinceras.
O
convívio com essa gente tão especial nos faz aprender o real significado das
palavras e expressões como: valorização, igualdade de oportunidades,
sinceridade, exemplo, alegria, respeito pelo ser humano, querer é poder...
Sem
dúvida nenhuma, o principal resultado na contratação de uma pessoa com deficiência
é a irradiação e disseminação de sentimentos positivos e do sentido de grupo.
Os colaboradores passam a ter maior orgulho, satisfação e maior comprometimento
com a empresa, pela valorização do sentido do ser humano, seus princípios e
valores. Pense nisso e pratique, convivendo e dando oportunidade!
Açucena Calixto Bonanato