segunda-feira, 16 de junho de 2014

O que você entende por responsabilidade social?


Quando se falava de responsabilidade social no final dos anos 80, o conceito estava atrelado mais às bandeiras de fachada do que aos valores internalizados pelas pessoas. Os presidentes dedicavam dois parágrafos de seus discursos ao tema no final de cada período como diretrizes em cartas de princípios. Era uma atividade marginal e que não fazia parte concreta dos objetivos empresariais, sem impacto perceptível para os resultados da organização.

O cenário mudou muito, mais de duas décadas depois. Caso você esteja à procura de uma nova colocação, pensa em mudar de emprego, é candidato a uma vaga trainee ou compete na sua própria empresa por promoções, uma das questões a que será submetido é: “O que você compreende por responsabilidade social?”

O termo e seu equivalente mais abrangente – sustentabilidade – migrou das margens da empresa para seu núcleo, elemento estratégico do processo de elaboração e condução do plano de negócios.

Com margens de competição cada vez mais estreitas, criar valor para os clientes e consumidores não é mais somente uma questão de preço, qualidade, disponibilidade e marca. Responsabilidade social é uma atitude concreta que sinaliza a capacidade da organização de atuar num modelo sustentável e integrado com respeito à sociedade. E isto se reflete dentre seus próprios colaboradores que, atentamente, acompanham e auditam os processos diariamente em suas tarefas, observando o comportamento ético da empresa.

As organizações que estão atentas para a importância que o consumidor dá ao papel social representado pela empresa adequam sua estrutura interna para atender às demandas sociais normalmente representadas por educação, saúde e meio ambiente, com a mesma qualidade e eficácia com que desenvolvem e apresentam seus produtos.

Sob o ponto de vista de vendas e marketing, a empresa que interage com a sociedade e é por ela influenciada conhece melhor as demandas do que a realidade de mercado e econômica lhe impõe.

Ser competente não basta sem uma visão muito clara da função e responsabilidade social da empresa. A consciência para uma atuação sustentável constitui-se num fator que certamente traz vantagens competitivas em termos de carreira.

Fico aterrorizada quando vejo nos jornais o destaque de que alguém encontrou uma carteira com dinheiro e a devolveu, como se isto fosse uma aberração e, mais aterrorizada ainda, quando escuto comentários como: “nossa, a pessoa que teve a carteira restituída nem ofereceu recompensa”.

Recebo currículos, destacando a honestidade em qualidades: “Sou honesta”. Isto é de arrepiar. É uma inversão de valores absurda. Partimos do princípio de que todos são ladrões e de que honestidade, dignidade e cidadania são virtudes. Isto para mim é o básico, o mínimo que uma pessoa deve ter e ser.

Estamos nos acostumando a valorizar atitudes que deveriam ser comuns às pessoas.
Vemos todos os dias notícias horrorosas nos jornais e, de repente, nos vemos acreditando que tudo está de pernas para o ar. Lembrem-se: notícia boa não dá Ibope, razão pela qual não se divulga, mas pode ter certeza de que ainda há muita gente boa praticando o bem, muito mais do que o mal que se sabe pela imprensa; e atitudes como devolver uma carteira cheia de dinheiro ainda são comuns entre gente do bem, não importando sua classe social.

Manter-se ético no país da corrupção não é fácil, mas vamos fazer parte do movimento do respeito, influenciando as pessoas para criarmos a rede do bem. Responsabilidade Social tem que ser parte da nossa vida.

Ser socialmente responsável é muito mais do que trabalhar em uma empresa ética ou adquirir produtos de empresas que investem no meio ambiente ou em programas sociais. É, por exemplo, ter atitudes condizentes com o respeito ao meio em que se vive. É não jogar lixo na rua; não desperdiçar água, o bem mais precioso que temos; participar ativamente de trabalhos sociais e não simplesmente dizer que gostaria de fazê-lo, mas não tem tempo; não discriminar; combater preconceitos; influenciar, pelo próprio exemplo, a mudança de atitudes das pessoas que o cercam; cobrar das autoridades que cumpram o prometido; não ser conivente com o desrespeito de nenhuma forma, quer seja contra animais, pessoas ou meio ambiente.

Todos nós gostamos de trabalhar em empresas bem conceituadas e sentimo-nos orgulhosos quando alguém elogia a empresa em que trabalhamos. Então, por que não mudar o nosso país? Afinal ele é muito maior do que a empresa onde se trabalha.

A sua atitude pode influenciar pessoas e podemos, sim, mudar o país, para que novamente tenhamos orgulho de ser brasileiros. Não basta ganhar uma Copa, nossa que bom, ficaremos felizes por um dia, até cair novamente na rotina. Este título mudará o nosso cotidiano? Não, mas nossas atitudes diárias podem mudar definitivamente o meio onde convivemos.

Então, mude. A sua mudança fará a diferença para que tenhamos novamente orgulho de ser Brasileiros, com “B” maiúsculo!


Açucena Calixto Bonanato

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